terça-feira, 13 de julho de 2010

Preciso me encontrar...


Já sinto saudades das manhãs solarengas e sabor a veludo.
De momento nada procuro. Nem as manhãs de sol, nem o significado da palavra.
Sei que quero estar viva e no entanto morro aos pedaços. Uma porção de cada vez.
A morrer a passos largos para este filme, rodado na escuridão, protagonizado por um actor de segunda, sem jeito, sem guião e sem direito a qualquer tipo de Óscar.
Também nunca dei muito valor a isso. Como nunca dei o verdadeiro valor a ser feliz. Penso que deveria retroceder alguns anos. Talvez ao ventre afavelmente morno da génese de mim. Não o posso fazer. Também já não tinha sequer vontade.
Preciso de me encontrar. Olhar em meu redor. Nem que me descubra debaixo de um tapete, atrás de uma porta, mas tenho de me encontrar no compasso de uma dança, numa palavra, num sorriso. Tenho de sacudir a poeira, varrer debaixo do tapete. É hora de mudar a valsa da minha dança, voltar a escrever o que ainda não escrevi e a sorrir o que não sorri. Fazer da minha vida uma doce sinfonia.
Fico por momentos, a olhar… lendo no horizonte um texto de vento, um poema de chuva. E esses momentos são como andorinhas que voam na minha memória, são cheiros e sabores que ficam a adornar o tempo que sempre foge. Tal como a minha andorinha me abala quando esvoaça no meu peito. Ando ausente de mim, distante de tudo. Passo por monumentos e não os vejo, por sítios onde os havia e nem me apercebo que os tiraram. Pela casa onde moro e não distingo que morri.